B2 – 1383/85 – Um Tempo de Revolução

Posted: January 25, 2015 in Uncategorized

B2.1 A crise do século XIV

2.1.1. Portugal no século XIV

O século XV acabou por ser um período de grave crise:

  1. Fomes:
    1. Maus anos agrícolas
      1. Chuvas torrenciais e baixas temperaturas
      2. Sementes apodreciam.
  2. Epidemias e pestes
    1. Peste Negra
      1. Falta de saneamento básico.
      2. Inexistência de hábitos de higiene.
  3. Guerras Fernandinas
    1. Campanhas militares contra Castela:
      1. Destruição de bens.
      2. Aumento de impostos. (exército)

Na Era de 1371 foi tão mau o ano por todo o Portugal (…) em esse ano morreram muitas gentes de fome. Quantas os homens nunca viram morrer (…) nem ouviram dizer aos homens antigos antes de si, que tal coisa vissem, nem ouvissem. E tantos foram os mortos, que foram enterrados, nos adros das igrejas, que nem caboam em elas (…)

Arquivo da Torre do Tombo – Livro da Noa, Santa Cruz de Coimbra (adaptado)

Manual Escolar “Viagens no tempo 5” – História e Geografia de Portugal, página 117. Retirado, a 18 de Fevereiro de 2015.

A morte de D. Fernando e o problema da sucessão

No decorrer das guerras fernandinas, D. Fernando vê-se derrotado e é obrigado a celebrar um acordo em 1383:

– casar sua única filha com D. João I, rei de Castela.

– Tratado de Salvaterra de Magos: ficam estabelecidas as regras de sucessão ao trono de Portugal. Ficou acordado que, à morte de D. Fernando:

– caso não viesse a existir um filho varão, seria o filho de D. Beatriz (neto de D. Fernando) o sucessor ao trono.

– Mas se D. Beatriz não tivesse um filho homem, ou sendo esse filho menor de idade (até aos 14 anos), ficaria a rainha D. Leonor Teles (mulher de D. Fernando) como regente do reino.

  1. Fernando morreu nesse mesmo ano. Como tal, ficou D. Beatriz como sucessora ao trono, então casada com o rei de Castela. Tinha apenas 10 anos.

O problema da sucessão

Após a morte de D. Fernando, a rainha D. Leonor Teles assumiu a regência do reino.

Aconselhada pelo conde João Fernandes Andeiro (nobre galego e homem de confiança do rei de Castela), mandou aclamar D. Beatriz como rainha de Portugal:

  • Apoiada pela maioria dos nobres e membros do clero: queria mais privilégios.
  • Oposição do povo: temia a perda da coroa portuguesa, que passaria para os castelhanos.

 

As movimentações populares e os grupos em confronto

Assim, alguns nobres, com o apoio da burguesia, planearam o assassinato do conde João Fernandes Andeiro:

  • Chefe da conspiração: Álvaro Pais.
  • Execução do Plano: D. João (Mestre da Ordem Militar de Avis) – meio irmão de D. Fernando.
    • Fere mortalmente o conde Andeiro.
    • Perseguição do povo aos nobres e ao clero, que tinham apoiado D. Beatriz.

Ver Cónica de D. João I, de Fernão Lopes

 

Os grupos em confronto

  • Santarém: A morte do Conde Andeiro e a fúria popular levaram a rainha D. Leonor a fugir para Santarém e a pedir ajuda ao rei de Castela.
  • Lisboa: D. João, Mestre de Avis, é aclamado pelo povo “Regedor e Defensor do Reino”.

A resistência à invasão castelhana

Em resposta ao pedido da rainha D. Leonor, o rei de Castela invadiu Portugal em 1384, com dois exércitos:

  1. Cidade da Guarda. Dirigem-se a Lisboa, cercando a cidade. O cerco durou 4 meses, com a população a aguentar-se com valentia. A epidemia da Peste obriga as tropas castelhanas a desistir.
  2. Alentejo: D. Nuno Álvares Pereira (jovem nobre) lidera o exército, com sucesso, na Batalha dos Atoleiros.

 

Cortes de Coimbra

Em Abril de 1385, reuniram-se as Cortes (Coimbra), para decidir qual dos candidatos tinha direito à coroa. Como pretendentes:

– D. Beatriz: casada com D. João I, filha de D. Fernando. Perda de independência.

– D. João, Mestre de Avis: filho ilegítimo de D. Pedro I (meio irmão de D. Fernando). Apoiado por alguns nobres, burguesia e povo. Representa a independência nacional.

– D. João e D. Dinis: filhos ilegítimos de D. Pedro I (Pai de D. Fernando), encontravam-se presos em Castela.

  1. João das Regras demonstra que o Mestre de Avis era o único que podia assegurar a independência. Como tal, é aclamado rei de Portugal, a Dinastia de Avis.

Consolidação da Independência

O Rei de Castela ordenou uma segunda invasão a Portugal:

– Batalha de Aljubarrota, 1385. Vitória portuguesa (30.000 contra 10.000 homens):

– Tática do quadrado.

O Tratado de Paz entre Castela e Portugal surge no Tratado de Segóvia (1411).

Governação de D. João I

– Retirou privilégios e terras aos membros da nobreza e do clero que defenderam a aclamação de D. Beatriz.

– Atribuiu títulos de nobreza e terras a alguns membros da burguesia que o tinham apoiado (nova nobreza).

– Possibilitou a participação do povo na administração dos concelhos.

– Reforçou as relações diplomáticas com a Inglaterra, casando-se com D. Filipa de Lencastre (princesa Inglesa)

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