5.1 O expansionismo Europeu

Posted: May 4, 2014 in Uncategorized

Descobrimentos portugueses

O século XIV foi marcado por uma (1) grave crise demográfica, (2) económica e (3) social.

No início do século XV, a Europa já vivia o seguinte panorama:

  1. Aumento da população.
  2. Produção volta a crescer.
  3. Desenvolvimento do comércio.

Isto teve como consequência:

  1. Falta de metais preciosos para cunhar moeda.
  2. Falta de ouro e prata para pagar as especiarias e os produtos de luxo do Oriente.

Então, tanto portugueses como europeus desejavam:

  1. Chegar às terras do ouro em África.
  2. Chegar às origens dos produtos do Oriente: para não terem de pagar os elevados preços que cobravam os mercadores árabes que dominavam as rotas do comércio asiático.

A saída da crise podia ser resolvida da seguinte forma:

  1. Procura de novas rotas comerciais.
  2. Procura de novas terras.

O Mundo conhecido dos Europeus no século XV

No século XV, o mundo conhecido pelos Europeus era muito limitado:

  • Não sabiam da existência da América nem da Oceânia.
  • Conheciam apenas o Norte de África e parte da Ásia (de forma imprecisa).
  • Das terras mais distantes conheciam relatos de alguns viajantes, como Marco Polo, uma mistura entre realidade e fantasia.
    • Criação de mitos e lendas.
    • Mar visto como lugar tenebroso, mas também como novas oportunidades.

Condições do pioneirismo português

No início do século XV, Portugal reunia um conjunto de condições que contribuíram para que fosse o primeiro país europeu a lançar-se à expansão marítima:

  1. Condições políticas:
    1. Tratado de Paz com Castela, em 1411. Clima de Paz.
    2. Rei D. João I representa a nova dinastia de Avis. Deseja afirmar o seu poder face a outras nações e resolver os problemas económicos do país.
    3. Apoio régio à atividade marítima, construção naval e aos descobrimentos.
  2. Condições sociais:
    1. Expansão marítima foi entendida como um projeto nacional, desejado por todos os grupos da sociedade portuguesa.
  3. Condições religiosas:
    1. Clero pretendia combater os muçulmanos, expandir a fé cristã e aumentar os seus rendimentos.
  4. Condições técnicas e científicas:
    1. Extensa costa e grande quantidade de portos contribuíram para o desenvolvimento de atividades ligadas ao mar, como a pesca e o comércio.
    2. Permanência no território de muçulmanos e judeus que foram dando a conhecer aos Portugueses técnicas e instrumentos de navegação astronómica: bússola, astrolábio, quadrante, balestilha, os quais foram aperfeiçoados e adaptados à navegação em alto mar.
    3. Aperfeiçoamento das embarcações, como a caravela, que, pelo uso da vela triangular, permitia “bolinar” (navegar em ziguezague com ventos contrários).
  5. Condições geográficas:
    1. Portugal possui 800 Km de costa.

 

A expansão no período de D. Henrique (Página 21)

Os rumos da expansão portuguesa mudaram de acordo com os interesses da sociedade e da Coroa.

1415 – Marca o início da expansão portuguesa: Conquista de Ceuta.

  1. D. João I foi convencido pelo filho, Infante D. Henrique, a preparar a expedição de Ceuta.

Eis os motivos:

  1. Ceuta era um entreposto comercial onde chegavam produtos de luxo, ouro e especiarias do Oriente (trazidas por caravanas de mercadores de África e do Oriente, através das rotas da seda, do ouro e das especiarias).
  2. Estava junto ao estreito de Gibraltar, facilitando o controlo da entrada e saída no Mediterrâneo.
  3. Rica em cereais, como o trigo.

No entanto, apesar do sucesso militar, Ceuta foi um fracasso económico:

  1. Comerciantes muçulmanos desviaram as suas rotas para outras cidades do Norte de África.
  2. Ceuta tornou-se uma cidade cristã rodeada de muçulmanos.
  3. Despesas com a proteção da cidade tornaram-se maiores do que os lucros. Situação de guerra impedia o cultivo de cereais e prejudicava o comércio.

 

A expansão no período de D. Henrique (Página 21)

Após esta situação, qual rumo seria mais adequado? A sociedade portuguesa dividiu-se:

  • Uma parte da nobreza: continuação das conquistas por terra.
  • Alguma nobreza e burguesia: defendiam a exploração marítima ao longo da costa africana.

Infante D. Henrique apoiou expedições, sem sucesso, para conquistar outras praças do Norte de África, como Tânger. Como tal, tornou prioridade o caminho para sul do atlântico:

  1. Descoberta dos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
  2. Navegador Gil Eanes passa o Cabo Bojador.
  3. Chega-se à Serra Leoa (1460 –morte do Infante D. Henrique).

A (re)descoberta da Madeira e dos Açores (Página 23)

A descoberta oficial do arquipélago da Madeira foi efetuada entre 1419-1420 por três navegadores:

  1. João Gonçalves Zarco.
  2. Tristão Vaz Teixeira.
  3. Bartolomeu Perestrelo.

A descoberta oficial do arquipélago dos Açores foi efetuada entre 1427 e 1452:

  1. Diogo de Silves.

 

O sistema de exploração das ilhas atlânticas

O povoamento e a colonização da Madeira fez-se com o sistema de capitanias-donatarias:

  1. Capitanias:
    1. Grandes extensões de terra, ou mesmo uma ilha inteira.
    2. Doadas a elementos da pequena nobreza, os capitães-donatários.
  2. Capitães-donatários:
    1. Poder de administrar a justiça.
    2. Poder de cobrar impostos.
    3. Poder de distribuir terras aos povoadores que as quisessem trabalhar.

O povoamento/colonização foi efetuado da seguinte forma:

  1. Madeira:
    1. Processo faseado com colonos de todo o reino (sobretudo Algarve e de Entre Douro e Minho).
  2. Açores:
    1. Infante pediu a Gonçalo Velho Cabral (nobre, da confiança do Infante), que conseguisse casais dispostos a irem para as ilhas.
    2. Outras regiões da Europa (sobretudo Flandres – atual Bélgica e Holanda).

Os recursos económicos:

  1. Madeira:
    1. Cereais.
    2. Cana-de-açúcar.
    3. Vinha.
  2. Açores:
    1. Criação de gado.
    2. Cultivo do trigo.
    3. Linho.
    4. Plantas tintureiras (urzela e pastel).
    5. Chá.
    6. Tabaco (posteriormente).

Para além destes aspetos, de referir que os Açores acrescentaram a estas riquezas o fato de ser:

  • Ponto de escala: localização estratégica, pois permite ser um porto para navios que se desloquem para a Índia e para a América.

A exploração da costa ocidental africana

Durante o tempo do Infante D. Henrique

O principal objetivo (século XV):

  • Exploração da costa africana para chegar aos locais de produção de ouro e controlar o comércio nesta região.

Após dobrar o Cabo Bojador, os exploradores portugueses chegaram ao rio do Ouro e dominaram a cidade de Arguim, local onde construíram uma feitoria.

  • Feitoria: Lugar ou estabelecimento, muralhado ou não, geralmente situado num porto, destinado à prática de comércio com os povos dessa região ou com mercadores que se deslocavam até lá.

Em 1456: descobre-se o arquipélago de Cabo Verde.

Em 1460: chega-se à Serra Leoa (morte do Infante).

Durante o reinado de D. Afonso V (“O Africano”)

O Rei D. Afonso V preferiu investir na conquista de cidades no Norte de África:

  1. Alcácer Ceguer.
  2. Arzila.
  3. Tânger.

A exploração da costa africana foi então arrendada a um mercador, Fernão Gomes:

  1. Exploração da costa africana: 100 léguas para sul, todos os anos, durante 5 anos (mais tarde, terá mais 1 ano).
  2. Monopólio do contrato de comércio no golfo da Guiné (renda anual de 200$000 reais).
  3. O exclusivo do comércio da malagueta, a pimenta-da-guiné (Aframomum melegueta), foi-lhe também concedido (mais 100$000 reais anuais).
  4. Constrói a Fortaleza e Feitoria de São Jorge da Mina.

Fernão Gomes cumpriu tudo o que foi estabelecido.

 

A partir do reinado de D. João II

  1. D. João II orientou as viagens de expansão a partir de 1474.

O seu principal objetivo era atingir a Índia:

Portugal e Castela: dois reinos rivais (Página 27)

Castela rivalizou com Portugal na tentativa de descobrir e conquistar territórios. Assim, surgiram Tratados no sentido de estabelecer a divisão de territórios:

  • 1479: Tratado de Alcáçovas:
    1. Mundo dividido em duas partes por um paralelo:
      1. A Norte: pertenceriam a Castela ou outro reino.
      2. A Sul: pertenceriam a Portugal.

A chegada de Cristóvão Colombo à América

Em 1492, Cristóvão Colombo propôs, aos reis de Castela, chegar à Índia navegando para ocidente. Dessa forma, chegou a um novo território: a América.

No entanto, de acordo com o Tratado de Alcáçovas, essas terras passam no meridiano de Portugal, o que faz dessas terras de Portugal. Naturalmente, Castela não concordou:

  1. Bula de 1493: Castela consegue um documento do Papa a autorizar a Castela a ficar com as terras.
  2. Tratado de Tordesilhas (1494):
    1. Mundo foi dividido em duas partes:
      1. Traçando um meridiano de polo a polo, as terras, descobertas ou a descobrir, situadas a ocidentes desse meridiano, seriam de Castela, as situadas a Oriente ficariam para Portugal.
    2. D. João II que o meridiano passa-se a 300 léguas a oeste de Cabo Verde. Há historiadores que defendem que o rei já teria informações sobre a existência do território que viria a chamar-se de Brasil.

O Tratado de Tordesilhas (1494) pôs em prática a ideia do mare clausum (mar fechado). Posteriormente será alvo de fortes críticas, tanto de países europeus como de povos dominados.

A descoberta do caminho marítimo para a Índia (página 29)

  1. D. Manuel I subiu ao trono em 1495 e continuou a política expansionista de D. João II:
  1. 1498 – Vasco da Gama chega à Índia:
    1. Permite o acesso direto às especiarias e aos produtos de luxo orientais.
    2. Permite o desenvolvimento das trocas comerciais à escala mundial.
    3. Para manter o território e evitar ameaças no Império, o rei D. Manuel resolveu enviar uma armada.

A chegada dos portugueses ao Brasil

Comandada por Pedro Álvares Cabral e composta por 13 embarcações, a grande armada enviada para a Índia partiu de Lisboa a 9 de março de 1500.

No seu percurso, e por razões que não são totalmente conhecidas, Pedro Álvares Cabral fez um desvio para sudoeste de Cabo Verde, tendo avistado terra: era a costa da América do Sul:

  • Hoje conhecida como Brasil (devido à grande quantidade de pau-brasil que encontraram.

 

A conquista espanhola da América (página 31)

Os Espanhóis iniciaram o seu processo de expansão quase um século depois dos Portugueses. O motivo para isto é o seguinte:

  • Somente após a conquista, aos muçulmanos, das últimas cidades do Sul (Granada, em 1492), os Espanhóis unificaram o seu território e apostaram claramente na expansão.

Cristóvão Colombo solicitou, aos reis espanhóis, a possibilidade de efetuar uma viagem para Ocidente onde, segundo ele, chegaria ao Oriente. Assim, em 1492, Cristóvão Colombo chega a um novo território, mas não ao Oriente. Esse território era a América.

Os espanhóis deram início à conquista e exploração do território:

  1. Rica em ouro e em prata.
  2. Possuía diversas grandes civilizações, nomeadamente:
    1. América Central: Astecas e os Maias.
    2. América do Sul: Incas.

Estes povos ameríndios apresentavam as seguintes caraterísticas:

  1. Estrutura política organizada.
  2. Viviam em grandes cidades, com enormes construções em pedra, onde guardavam requintados tesouros.
  3. Tinham conhecimentos de matemática, de astronomia e de medicina.
  4. Tinham sociedades complexas, com organização política e religiosa.
  5. Tecnicamente menos desenvolvidas do que as europeias ou asiáticas. Não usavam instrumentos agrícolas de metal, arados ou carros, desconheciam os cavalos e as armas de fogo.

As expedições para o interior do território foram lideradas pelos conquistadores, ou seja, soldados, exploradores e aventureiros espanhóis:

  1. 1519-1521: Fernando Cortez submeteu o Império Asteca, apoderando-se do atual México.
  2. 1531-1533: Francisco Pizarro conquistou o Peru, pondo fim ao Império Inca.
  3. Outros: conquistaram regiões da Bolívia e Colômbia.

Em consequência destas invasões, milhares de índios morreram vítimas dos ataques, mas também das muitas doenças trazidas pelos Europeus naquela época (varíola, sarampo, …).

Comércio à escala mundial (Página 33)

A expansão marítima dos Europeus levou à abertura de novas rotas comerciais e ao desenvolvimento do comércio à escala mundial, ou seja, à mundialização da economia:

Alterações nos hábitos quotidianos

A circulação de produtos, mas sobretudo de pessoas, pelos diferentes continentes, alterou o quotidiano das populações por todo o mundo:

  1. Novas formas de vestir.
  2. Novas plantas e animais.
  3. Novas receitas culinárias.
  4. Novos medicamentos.
  5. Diferentes formas de arte.
  6. Diferentes crenças.
  7. Novos modos de estar, de falar e de pensar.
    1. Todas estas alterações foram sentidas sobretudo nos grupos sociais mais poderosos. Os mais desfavorecidos pouco ou nada usufruíram das riquezas coloniais.

 

Lisboa, Sevilha e Antuérpia

Portugal e Espanha passaram a deter o monopólio comercial dos produtos do Oriente e das Américas. Lisboa e Sevilha tornaram-se capitais do império português e espanhol. Apesar da sua importância nas rotas comerciais, estas cidades não dominavam a distribuição e venda das mercadorias coloniais na Europa. Esse papel coube a outras cidades, como Antuérpia.

O desenvolvimento comercial levou ao crescimento e fortalecimento económico da burguesia, sobretudo em Itália e no Norte da Europa, onde se desenvolveram grandes companhias comerciais que financiavam o comércio colonial.

A presença portuguesa em África (Página 35)

Os primeiros territórios conquistados pelos Portugueses situavam-se em África. Caraterísticas:

  1. Organizados em reinos.
  2. A maioria vivia em regime tribal.
  3. Alguns praticavam uma vida seminómada.
  4. Construção de feitorias ao longo da costa africana. Destaque para São Jorge da Mina (1482).

As relações entre os Portugueses e os povos africanos

Durante os séculos XV e XVI, as relações entre Portugueses e Africanos eram sobretudo comerciais.

Desenvolveram-se interinfluências culturais:

  • Tráfico de escravos.
  • Partilha de conhecimentos e práticas: processo de aculturação (sobretudo na religião, língua e cultura).

Atualmente, também se fazem sentir as influências por todo o mundo.

  • PALOP: países com a língua portuguesa.
  • Hábitos alimentares e culturais.

O domínio do comércio marítimo no Oriente (Página 37)

Os portugueses no Oriente:

  1. Civilizações bastante antigas e tecnicamente mais desenvolvidas que a Europa em alguns aspetos.
  2. Portugueses procuraram o domínio do comércio marítimo (colonizar não era possível) através da Rota do Cabo.
  3. Travaram grandes batalhas com chefes locais (Hindus).
  4. Tiveram de lidar com a concorrência dos comerciantes árabes e turcos.
  5. Conquista de algumas cidades.
  6. Fundação de feitorias.

O rei português nomeou um vice-rei para governar estes territórios, mas ficou com o monopólio comercial das especiarias orientais:

  1. 1º Vice-Rei da Índia: D. Francisco de Almeida (1505-1509).
    1. Domínio dos mares.
    2. Estabelecer relações pacíficas com os chefes locais.
  2. 2º Vice-Rei da Índia: D. Afonso de Albuquerque (1509-1515).
    1. Conquistas territoriais.
    2. Dominou cidades importantes, como Goa, Ormuz e Malaca.

Os Portugueses e os povos do Oriente

As relações entre os Portugueses e as populações locais:

  1. Conflitos comerciais.
  2. Diferenças culturais e intolerâncias religiosas.
  3. Relações amigáveis (troca de conhecimentos e colaboração).
  4. Asiáticos mostraram uma forte oposição às influências europeias, sobretudo à cristianização.
  5. Em algumas cidades dominadas pelos portugueses verificou-se maior aculturação e até a miscigenação da população (casamento entre portugueses e indianas).

Os Espanhóis na América (Página 39)

Os povos ameríndios, conquistados pelos Espanhóis (Maias, Astecas e Incas), tinham uma estrutura política e social organizada e complexa mas que rapidamente foi destruída pela superioridade militar dos Espanhóis:

  • Primeiros contactos foram pacíficos mas depois foi marcada pela violência dos conquistadores.
  • Evangelizações dos povos, obrigando-os a deixarem as suas crenças.

A cultura europeia foi imposta e tornou-se dominante, mas mantiveram-se muitas práticas (música, alimentação, hábitos, costumes, …).

A colonização portuguesa do Brasil

Os povos ameríndios que viviam na região do Brasil tinham formas de organização social mais simples:

  1. Inicialmente, os portugueses apenas queriam a exploração do pau-brasil.
  2. A partir de meados do século XVI, quando o comércio português no Oriente entrou em crise, procurou-se a exploração e colonização do Brasil.

A colonização começou a ser feita com o sistema de capitanias:

  1. 1534: território dividido em 15 capitanias entregues a capitães-donatários.
    1. Sistema não resulta, umas eram demasiado grandes, sendo difíceis de explorar e dominar, outras demasiado pequenas e pouco rentáveis, além de que o controlo era difícil.
  2. 1539: Sistema de Governo-Geral:
    1. Tomé de Sousa foi nomeado o primeiro governador-geral do Brasil, embarcando com mais de 1000 colonos europeus, com os primeiros missionários jesuítas e muitos escravos africanos (acentuado processo de aculturação).

 

Os índios brasileiros (Página 40)

  • A América era habitada por vários povos aquando da chegada dos Europeus:
    1. Brasil:
      1. Povos organizados em tribos seminómadas que viviam da recoleção e da prática da agricultura, utilizando técnicas rudimentares. Habitado por cerca de 5 milhões de índios.
      2. Território com bastante pau-brasil.
  • Intenção era enriquecer e regressar. No entanto, muitos optaram por ficar.

 

A assimilação da cultura europeia

A chegada dos Portugueses ao Brasil iniciou um processo de povoamento e aculturação. A europeização fez-se sentir sobretudo na cultura, na língua e na religião:

  1. Língua oficial do Brasil é o português.
  2. Urbanismo, instituições e trajos e mesmo alguns ideais de vida são semelhantes aos europeus.
  3. Os Europeus levavam para o Brasil culturas agrícolas como o trigo, a cana-de-açúcar, a oliveira e a videira e animais como o boi, cavalo. Trouxeram, para a Europa, a batata e o milho maís.
  4. Cristianização das populações ameríndias feita pelos missionários jesuítas, franciscanos e dominicanos deu origem a uma grande comunidade de cristãos na América. Este ajudou a proteger da escravatura mas também forçou os povos a abandonarem as suas crenças.

Expansão e multiculturalidade (Página 43)

O período da expansão europeia foi marcado por contactos entre povos:

Ameríndios, Africanos, Europeus e Asiáticos desencadearam um processo de culturas até então desconhecido:

  1. Na África e na América, houve uma imposição da cultura e da religião dos povos conquistadores.
  2. Em Portugal, D. Manuel I ordenou a expulsão dos judeus e mouros. Os que ficaram foram obrigados a batizarem-se e a converterem-se ao cristianismo, passando a ser chamados de cristãos-novos.

A expansão promoveu a multiculturalidade, pois apesar das políticas de intolerância, algumas comunidades conseguiram manter hábitos e costumes das suas culturas e religiões nativas.

O desafio atual que vivemos é a interculturalidade, ultrapassar a “soma de culturas” e procurar a cultura construída com as diferenças em interrelação.

Escravatura: uma história que ainda não acabou…

A escravatura teve um enorme peso económico na expansão europeia, mantendo-se, por séculos, como prática aceite:

  • No século XVI alguns padres jesuítas defendiam os índios no Brasil, lutando contra a sua escravização, mas só nos fins do século XVIII se desenvolveram as primeiras campanhas em defesa do fim da escravatura: muitas pessoas lutaram pelos direitos de outros, mostrando que, quando lutamos por uma causa justa, conseguimos reunir muitos apoios e mudar a vida de muitas pessoas.

Multiculturalidade: Termo que se refere à existência de muitas culturas numa localidade, ou país, havendo pelo menos uma que se afirma como preponderante.

Interculturalidade: Processo que pretende promover a interação entre os vários grupos presentes na sociedade, contribuindo para a construção da coesão social.

Escravatura: Prática social em que um ser humano considera ter direitos de propriedade sobre outro – o escravo -, impondo-lhe essa condição pela força.

O Império Português (Página 45)

O Império Português era constituído por lugares e povos muito diversificados, mas era um império essencialmente marítimo e comercial. Eis os motivos:

  1. Portugal era um país pequeno, com pouca população.
  2. Portugal tem poucos meios financeiros para assegurar a posse de um império tão grande, tão disperso e distante.
  3. A fixação de colonos portugueses limitava-se às faixas costeiras, pois o principal objetivo era fazer o comércio.

 

A crise do Império Português do Oriente

Em meados do século XVI, Portugal e o seu império no Oriente entraram em crise. Esta crise deveu-se principalmente aos seguintes fatores:

  1. Holandeses, Franceses e Ingleses: começaram a pôr em causa a política do mare clausum, definida pelo Tratado de Tordesilhas; defendiam o mare liberum e, por isso, apoiavam os ataques de piratas e corsários às embarcações e aos territórios portugueses.
  2. Outros problemas:
    1. Naufrágios eram frequentes bem como ataques inimigos.
    2. Falta de preparação dos pilotos.
    3. Mau estado de conservação da frota.
  3. Muçulmanos recuperaram as rotas do Levante. Rota do Cabo entrou em crise e os Portugueses perderam o monopólio do comércio das especiarias orientais.
  4. Fracos recursos financeiros de que os reis dispunham devido a:
    1. Ociosidade;
    2. Luxo;
    3. Corrupção dos altos funcionários coloniais.

Na sequência destas dificuldades, Portugal abandonou algumas terras conquistas (praças militares e feitorias), sobretudo no reinado de D. João III (1521-1557).

A crise do Império Português do Oriente (Página 47)

A crise de sucessão em Portugal

O rei D. Sebastião (1554-1578) organizou uma expedição militar ao Norte de África, movido por dois grandes motivos.

  1. Espírito de cruzada: o jovem rei esperava conquistar novas terras aos mouros e continuar a difusão da fé cristã.
  2. “Viragem atlântica”, a aposta no desenvolvimento económico dos territórios coloniais atlânticos, para fazer face à crise do Império Português do Oriente.

O rei foi derrotado na batalha de Alcácer Quibir, tendo desaparecido nos combates. Temos uma crise dinástica:

  1. Sebastião não tinha descendentes diretos.
  2. Cardeal D. Henrique, tio-avô, sucede no trono. Mas como era um homem do clero, já idoso e doente, faleceu dois anos depois (1580).

Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal

Surgiram alguns candidatos ao trono:

  1. António, Prior do Crato: apoiado pelas classes populares.
  2. Catarina, Duquesa de Bragança: apoiado por parte da nobreza e do clero.
  3. Filipe II, rei de Espanha: apoiado pela nobreza e burguesia portuguesas.

Filipe II, candidato mais poderoso, invadiu Portugal. Em 1581, fez-se aclamar rei de Portugal nas Cortes de Tomar com o título de Filipe I de Portugal.

Consumava-se, assim, a União Dinástica ou União Ibérica (1581-1640):

  • Portugal e Espanha mantinham-se autónomos, unidos apenas pelo governo do mesmo rei (“monarquia dualista”).

Nas Cortes de Tomar, Filipe I prometeu:

  1. Respeitar os costumes, leis e liberdades dos Portugueses.
  2. Conservar a sua moeda.
  3. O Português mantém-se como língua oficial.

No seu reinado, Filipe I cumpriu o estabelecido, tendo o Império Espanhol atingido o seu máximo desenvolvimento.

O domínio filipino (Página 49)

Nos reinados de Filipe III e IV (II e III de Portugal), a Espanha foi afetada pela crise. O descontentamento da população portuguesa foi aumentando por várias razões:

  1. Incumprimento das promessas feitas nas Corte de Tomar, em 1581.
  2. Filipe IV alheou-se da vida política e entregou o governo do Império Espanhol ao conde-duque de Olivares, que o exerceu de forma autoritária.
  3. A Espanha envolveu-se em várias guerras europeias (Guerra dos 30 anos, com a França, entre 1618-1648), custeadas com novos impostos cobrados aos Portugueses e com recrutamento de militares portugueses.
  4. Territórios coloniais e as embarcações portuguesas eram alvo de ataques da Holanda, Inglaterra e França, países inimigos de Espanha.

A Restauração da Independência

Em Portugal, surgiram motins e revoltas populares contra o domínio filipino:

  • Revolta do Manuelinho”: Évora, 1637.

Declínio do Império Espanhol teve reflexos negativos para o povo e contribuiu para o enfraquecimento da burguesia, mas também da nobreza, que perdia cargos administrativos.

Assim, no dia 1 de dezembro de 1640:

  • Nobres portugueses revoltaram-se em Lisboa e aclamaram D. João, duque de Bragança, com o título de D. João IV.

A Restauração da Independência de Portugal marcou o fim de 60 anos de União Ibérica e o início da dinastia de Bragança. Contudo, as guerras continuaram até 1668, altura em que a Espanha reconheceu a independência de Portugal.

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