O século XIV foi marcado por uma (1) grave crise demográfica, (2) económica e (3) social.
No início do século XV, a Europa já vivia o seguinte panorama:
- Aumento da população.
- Produção volta a crescer.
- Desenvolvimento do comércio.
Isto teve como consequência:
- Falta de metais preciosos para cunhar moeda.
- Falta de ouro e prata para pagar as especiarias e os produtos de luxo do Oriente.
Então, tanto portugueses como europeus desejavam:
- Chegar às terras do ouro em África.
- Chegar às origens dos produtos do Oriente: para não terem de pagar os elevados preços que cobravam os mercadores árabes que dominavam as rotas do comércio asiático.
A saída da crise podia ser resolvida da seguinte forma:
- Procura de novas rotas comerciais.
- Procura de novas terras.
O Mundo conhecido dos Europeus no século XV
No século XV, o mundo conhecido pelos Europeus era muito limitado:
- Não sabiam da existência da América nem da Oceânia.
- Conheciam apenas o Norte de África e parte da Ásia (de forma imprecisa).
- Das terras mais distantes conheciam relatos de alguns viajantes, como Marco Polo, uma mistura entre realidade e fantasia.
- Criação de mitos e lendas.
- Mar visto como lugar tenebroso, mas também como novas oportunidades.
Condições do pioneirismo português
No início do século XV, Portugal reunia um conjunto de condições que contribuíram para que fosse o primeiro país europeu a lançar-se à expansão marítima:
- Condições políticas:
- Tratado de Paz com Castela, em 1411. Clima de Paz.
- Rei D. João I representa a nova dinastia de Avis. Deseja afirmar o seu poder face a outras nações e resolver os problemas económicos do país.
- Apoio régio à atividade marítima, construção naval e aos descobrimentos.
- Condições sociais:
- Expansão marítima foi entendida como um projeto nacional, desejado por todos os grupos da sociedade portuguesa.
- Condições religiosas:
- Clero pretendia combater os muçulmanos, expandir a fé cristã e aumentar os seus rendimentos.
- Condições técnicas e científicas:
- Extensa costa e grande quantidade de portos contribuíram para o desenvolvimento de atividades ligadas ao mar, como a pesca e o comércio.
- Permanência no território de muçulmanos e judeus que foram dando a conhecer aos Portugueses técnicas e instrumentos de navegação astronómica: bússola, astrolábio, quadrante, balestilha, os quais foram aperfeiçoados e adaptados à navegação em alto mar.
- Aperfeiçoamento das embarcações, como a caravela, que, pelo uso da vela triangular, permitia “bolinar” (navegar em ziguezague com ventos contrários).
- Condições geográficas:
- Portugal possui 800 Km de costa.
A expansão no período de D. Henrique (Página 21)
Os rumos da expansão portuguesa mudaram de acordo com os interesses da sociedade e da Coroa.
1415 – Marca o início da expansão portuguesa: Conquista de Ceuta.
- D. João I foi convencido pelo filho, Infante D. Henrique, a preparar a expedição de Ceuta.
Eis os motivos:
- Ceuta era um entreposto comercial onde chegavam produtos de luxo, ouro e especiarias do Oriente (trazidas por caravanas de mercadores de África e do Oriente, através das rotas da seda, do ouro e das especiarias).
- Estava junto ao estreito de Gibraltar, facilitando o controlo da entrada e saída no Mediterrâneo.
- Rica em cereais, como o trigo.
No entanto, apesar do sucesso militar, Ceuta foi um fracasso económico:
- Comerciantes muçulmanos desviaram as suas rotas para outras cidades do Norte de África.
- Ceuta tornou-se uma cidade cristã rodeada de muçulmanos.
- Despesas com a proteção da cidade tornaram-se maiores do que os lucros. Situação de guerra impedia o cultivo de cereais e prejudicava o comércio.
A expansão no período de D. Henrique (Página 21)
Após esta situação, qual rumo seria mais adequado? A sociedade portuguesa dividiu-se:
- Uma parte da nobreza: continuação das conquistas por terra.
- Alguma nobreza e burguesia: defendiam a exploração marítima ao longo da costa africana.
Infante D. Henrique apoiou expedições, sem sucesso, para conquistar outras praças do Norte de África, como Tânger. Como tal, tornou prioridade o caminho para sul do atlântico:
- Descoberta dos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
- Navegador Gil Eanes passa o Cabo Bojador.
- Chega-se à Serra Leoa (1460 –morte do Infante D. Henrique).
A (re)descoberta da Madeira e dos Açores (Página 23)
A descoberta oficial do arquipélago da Madeira foi efetuada entre 1419-1420 por três navegadores:
- João Gonçalves Zarco.
- Tristão Vaz Teixeira.
- Bartolomeu Perestrelo.
A descoberta oficial do arquipélago dos Açores foi efetuada entre 1427 e 1452:
- Diogo de Silves.
O sistema de exploração das ilhas atlânticas
O povoamento e a colonização da Madeira fez-se com o sistema de capitanias-donatarias:
- Capitanias:
- Grandes extensões de terra, ou mesmo uma ilha inteira.
- Doadas a elementos da pequena nobreza, os capitães-donatários.
- Capitães-donatários:
- Poder de administrar a justiça.
- Poder de cobrar impostos.
- Poder de distribuir terras aos povoadores que as quisessem trabalhar.
O povoamento/colonização foi efetuado da seguinte forma:
- Madeira:
- Processo faseado com colonos de todo o reino (sobretudo Algarve e de Entre Douro e Minho).
- Açores:
- Infante pediu a Gonçalo Velho Cabral (nobre, da confiança do Infante), que conseguisse casais dispostos a irem para as ilhas.
- Outras regiões da Europa (sobretudo Flandres – atual Bélgica e Holanda).
Os recursos económicos:
- Madeira:
- Cereais.
- Cana-de-açúcar.
- Vinha.
- Açores:
- Criação de gado.
- Cultivo do trigo.
- Linho.
- Plantas tintureiras (urzela e pastel).
- Chá.
- Tabaco (posteriormente).
Para além destes aspetos, de referir que os Açores acrescentaram a estas riquezas o fato de ser:
- Ponto de escala: localização estratégica, pois permite ser um porto para navios que se desloquem para a Índia e para a América.
A exploração da costa ocidental africana
Durante o tempo do Infante D. Henrique
O principal objetivo (século XV):
- Exploração da costa africana para chegar aos locais de produção de ouro e controlar o comércio nesta região.
Após dobrar o Cabo Bojador, os exploradores portugueses chegaram ao rio do Ouro e dominaram a cidade de Arguim, local onde construíram uma feitoria.
- Feitoria: Lugar ou estabelecimento, muralhado ou não, geralmente situado num porto, destinado à prática de comércio com os povos dessa região ou com mercadores que se deslocavam até lá.
Em 1456: descobre-se o arquipélago de Cabo Verde.
Em 1460: chega-se à Serra Leoa (morte do Infante).
Durante o reinado de D. Afonso V (“O Africano”)
O Rei D. Afonso V preferiu investir na conquista de cidades no Norte de África:
A exploração da costa africana foi então arrendada a um mercador, Fernão Gomes:
- Exploração da costa africana: 100 léguas para sul, todos os anos, durante 5 anos (mais tarde, terá mais 1 ano).
- Monopólio do contrato de comércio no golfo da Guiné (renda anual de 200$000 reais).
- O exclusivo do comércio da malagueta, a pimenta-da-guiné (Aframomum melegueta), foi-lhe também concedido (mais 100$000 reais anuais).
- Constrói a Fortaleza e Feitoria de São Jorge da Mina.
Fernão Gomes cumpriu tudo o que foi estabelecido.
A partir do reinado de D. João II
- D. João II orientou as viagens de expansão a partir de 1474.
O seu principal objetivo era atingir a Índia:
- Bartolomeu Dias passa o Cabo das Tormentas (1487-88), passando este a designar-se de Cabo da Boa Esperança.
Portugal e Castela: dois reinos rivais (Página 27)
Castela rivalizou com Portugal na tentativa de descobrir e conquistar territórios. Assim, surgiram Tratados no sentido de estabelecer a divisão de territórios:
- 1479: Tratado de Alcáçovas:
- Mundo dividido em duas partes por um paralelo:
- A Norte: pertenceriam a Castela ou outro reino.
- A Sul: pertenceriam a Portugal.
- Mundo dividido em duas partes por um paralelo:
A chegada de Cristóvão Colombo à América
Em 1492, Cristóvão Colombo propôs, aos reis de Castela, chegar à Índia navegando para ocidente. Dessa forma, chegou a um novo território: a América.
No entanto, de acordo com o Tratado de Alcáçovas, essas terras passam no meridiano de Portugal, o que faz dessas terras de Portugal. Naturalmente, Castela não concordou:
- Bula de 1493: Castela consegue um documento do Papa a autorizar a Castela a ficar com as terras.
- Tratado de Tordesilhas (1494):
- Mundo foi dividido em duas partes:
- Traçando um meridiano de polo a polo, as terras, descobertas ou a descobrir, situadas a ocidentes desse meridiano, seriam de Castela, as situadas a Oriente ficariam para Portugal.
- D. João II que o meridiano passa-se a 300 léguas a oeste de Cabo Verde. Há historiadores que defendem que o rei já teria informações sobre a existência do território que viria a chamar-se de Brasil.
- Mundo foi dividido em duas partes:
O Tratado de Tordesilhas (1494) pôs em prática a ideia do mare clausum (mar fechado). Posteriormente será alvo de fortes críticas, tanto de países europeus como de povos dominados.
A descoberta do caminho marítimo para a Índia (página 29)
- D. Manuel I subiu ao trono em 1495 e continuou a política expansionista de D. João II:
- 1498 – Vasco da Gama chega à Índia:
- Permite o acesso direto às especiarias e aos produtos de luxo orientais.
- Permite o desenvolvimento das trocas comerciais à escala mundial.
- Para manter o território e evitar ameaças no Império, o rei D. Manuel resolveu enviar uma armada.
A chegada dos portugueses ao Brasil
Comandada por Pedro Álvares Cabral e composta por 13 embarcações, a grande armada enviada para a Índia partiu de Lisboa a 9 de março de 1500.
No seu percurso, e por razões que não são totalmente conhecidas, Pedro Álvares Cabral fez um desvio para sudoeste de Cabo Verde, tendo avistado terra: era a costa da América do Sul:
- Hoje conhecida como Brasil (devido à grande quantidade de pau-brasil que encontraram.
A conquista espanhola da América (página 31)
Os Espanhóis iniciaram o seu processo de expansão quase um século depois dos Portugueses. O motivo para isto é o seguinte:
- Somente após a conquista, aos muçulmanos, das últimas cidades do Sul (Granada, em 1492), os Espanhóis unificaram o seu território e apostaram claramente na expansão.
Cristóvão Colombo solicitou, aos reis espanhóis, a possibilidade de efetuar uma viagem para Ocidente onde, segundo ele, chegaria ao Oriente. Assim, em 1492, Cristóvão Colombo chega a um novo território, mas não ao Oriente. Esse território era a América.
Os espanhóis deram início à conquista e exploração do território:
- Rica em ouro e em prata.
- Possuía diversas grandes civilizações, nomeadamente:
Estes povos ameríndios apresentavam as seguintes caraterísticas:
- Estrutura política organizada.
- Viviam em grandes cidades, com enormes construções em pedra, onde guardavam requintados tesouros.
- Tinham conhecimentos de matemática, de astronomia e de medicina.
- Tinham sociedades complexas, com organização política e religiosa.
- Tecnicamente menos desenvolvidas do que as europeias ou asiáticas. Não usavam instrumentos agrícolas de metal, arados ou carros, desconheciam os cavalos e as armas de fogo.
As expedições para o interior do território foram lideradas pelos conquistadores, ou seja, soldados, exploradores e aventureiros espanhóis:
- 1519-1521: Fernando Cortez submeteu o Império Asteca, apoderando-se do atual México.
- 1531-1533: Francisco Pizarro conquistou o Peru, pondo fim ao Império Inca.
- Outros: conquistaram regiões da Bolívia e Colômbia.
Em consequência destas invasões, milhares de índios morreram vítimas dos ataques, mas também das muitas doenças trazidas pelos Europeus naquela época (varíola, sarampo, …).
Comércio à escala mundial (Página 33)
A expansão marítima dos Europeus levou à abertura de novas rotas comerciais e ao desenvolvimento do comércio à escala mundial, ou seja, à mundialização da economia:
- Rota do Cabo: produtos do Oriente chegam à Europa por mar.
- Rotas Atlânticas: Europa, África e América.
Alterações nos hábitos quotidianos
A circulação de produtos, mas sobretudo de pessoas, pelos diferentes continentes, alterou o quotidiano das populações por todo o mundo:
- Novas formas de vestir.
- Novas plantas e animais.
- Novas receitas culinárias.
- Novos medicamentos.
- Diferentes formas de arte.
- Diferentes crenças.
- Novos modos de estar, de falar e de pensar.
- Todas estas alterações foram sentidas sobretudo nos grupos sociais mais poderosos. Os mais desfavorecidos pouco ou nada usufruíram das riquezas coloniais.
Lisboa, Sevilha e Antuérpia
Portugal e Espanha passaram a deter o monopólio comercial dos produtos do Oriente e das Américas. Lisboa e Sevilha tornaram-se capitais do império português e espanhol. Apesar da sua importância nas rotas comerciais, estas cidades não dominavam a distribuição e venda das mercadorias coloniais na Europa. Esse papel coube a outras cidades, como Antuérpia.
O desenvolvimento comercial levou ao crescimento e fortalecimento económico da burguesia, sobretudo em Itália e no Norte da Europa, onde se desenvolveram grandes companhias comerciais que financiavam o comércio colonial.
A presença portuguesa em África (Página 35)
Os primeiros territórios conquistados pelos Portugueses situavam-se em África. Caraterísticas:
- Organizados em reinos.
- A maioria vivia em regime tribal.
- Alguns praticavam uma vida seminómada.
- Construção de feitorias ao longo da costa africana. Destaque para São Jorge da Mina (1482).
As relações entre os Portugueses e os povos africanos
Durante os séculos XV e XVI, as relações entre Portugueses e Africanos eram sobretudo comerciais.
Desenvolveram-se interinfluências culturais:
- Tráfico de escravos.
- Partilha de conhecimentos e práticas: processo de aculturação (sobretudo na religião, língua e cultura).
Atualmente, também se fazem sentir as influências por todo o mundo.
- PALOP: países com a língua portuguesa.
- Hábitos alimentares e culturais.
- …
O domínio do comércio marítimo no Oriente (Página 37)
Os portugueses no Oriente:
- Civilizações bastante antigas e tecnicamente mais desenvolvidas que a Europa em alguns aspetos.
- Portugueses procuraram o domínio do comércio marítimo (colonizar não era possível) através da Rota do Cabo.
- Travaram grandes batalhas com chefes locais (Hindus).
- Tiveram de lidar com a concorrência dos comerciantes árabes e turcos.
- Conquista de algumas cidades.
- Fundação de feitorias.
O rei português nomeou um vice-rei para governar estes territórios, mas ficou com o monopólio comercial das especiarias orientais:
- 1º Vice-Rei da Índia: D. Francisco de Almeida (1505-1509).
- Domínio dos mares.
- Estabelecer relações pacíficas com os chefes locais.
- 2º Vice-Rei da Índia: D. Afonso de Albuquerque (1509-1515).
Os Portugueses e os povos do Oriente
As relações entre os Portugueses e as populações locais:
- Conflitos comerciais.
- Diferenças culturais e intolerâncias religiosas.
- Relações amigáveis (troca de conhecimentos e colaboração).
- Asiáticos mostraram uma forte oposição às influências europeias, sobretudo à cristianização.
- Em algumas cidades dominadas pelos portugueses verificou-se maior aculturação e até a miscigenação da população (casamento entre portugueses e indianas).
Os Espanhóis na América (Página 39)
Os povos ameríndios, conquistados pelos Espanhóis (Maias, Astecas e Incas), tinham uma estrutura política e social organizada e complexa mas que rapidamente foi destruída pela superioridade militar dos Espanhóis:
- Primeiros contactos foram pacíficos mas depois foi marcada pela violência dos conquistadores.
- Evangelizações dos povos, obrigando-os a deixarem as suas crenças.
A cultura europeia foi imposta e tornou-se dominante, mas mantiveram-se muitas práticas (música, alimentação, hábitos, costumes, …).
A colonização portuguesa do Brasil
Os povos ameríndios que viviam na região do Brasil tinham formas de organização social mais simples:
- Inicialmente, os portugueses apenas queriam a exploração do pau-brasil.
- A partir de meados do século XVI, quando o comércio português no Oriente entrou em crise, procurou-se a exploração e colonização do Brasil.
A colonização começou a ser feita com o sistema de capitanias:
- 1534: território dividido em 15 capitanias entregues a capitães-donatários.
- Sistema não resulta, umas eram demasiado grandes, sendo difíceis de explorar e dominar, outras demasiado pequenas e pouco rentáveis, além de que o controlo era difícil.
- 1539: Sistema de Governo-Geral:
- Tomé de Sousa foi nomeado o primeiro governador-geral do Brasil, embarcando com mais de 1000 colonos europeus, com os primeiros missionários jesuítas e muitos escravos africanos (acentuado processo de aculturação).
Os índios brasileiros (Página 40)
- A América era habitada por vários povos aquando da chegada dos Europeus:
- Brasil:
- Povos organizados em tribos seminómadas que viviam da recoleção e da prática da agricultura, utilizando técnicas rudimentares. Habitado por cerca de 5 milhões de índios.
- Território com bastante pau-brasil.
- Brasil:
- Intenção era enriquecer e regressar. No entanto, muitos optaram por ficar.
A assimilação da cultura europeia
A chegada dos Portugueses ao Brasil iniciou um processo de povoamento e aculturação. A europeização fez-se sentir sobretudo na cultura, na língua e na religião:
- Língua oficial do Brasil é o português.
- Urbanismo, instituições e trajos e mesmo alguns ideais de vida são semelhantes aos europeus.
- Os Europeus levavam para o Brasil culturas agrícolas como o trigo, a cana-de-açúcar, a oliveira e a videira e animais como o boi, cavalo. Trouxeram, para a Europa, a batata e o milho maís.
- Cristianização das populações ameríndias feita pelos missionários jesuítas, franciscanos e dominicanos deu origem a uma grande comunidade de cristãos na América. Este ajudou a proteger da escravatura mas também forçou os povos a abandonarem as suas crenças.
Expansão e multiculturalidade (Página 43)
O período da expansão europeia foi marcado por contactos entre povos:
Ameríndios, Africanos, Europeus e Asiáticos desencadearam um processo de culturas até então desconhecido:
- Na África e na América, houve uma imposição da cultura e da religião dos povos conquistadores.
- Em Portugal, D. Manuel I ordenou a expulsão dos judeus e mouros. Os que ficaram foram obrigados a batizarem-se e a converterem-se ao cristianismo, passando a ser chamados de cristãos-novos.
A expansão promoveu a multiculturalidade, pois apesar das políticas de intolerância, algumas comunidades conseguiram manter hábitos e costumes das suas culturas e religiões nativas.
O desafio atual que vivemos é a interculturalidade, ultrapassar a “soma de culturas” e procurar a cultura construída com as diferenças em interrelação.
Escravatura: uma história que ainda não acabou…
A escravatura teve um enorme peso económico na expansão europeia, mantendo-se, por séculos, como prática aceite:
- No século XVI alguns padres jesuítas defendiam os índios no Brasil, lutando contra a sua escravização, mas só nos fins do século XVIII se desenvolveram as primeiras campanhas em defesa do fim da escravatura: muitas pessoas lutaram pelos direitos de outros, mostrando que, quando lutamos por uma causa justa, conseguimos reunir muitos apoios e mudar a vida de muitas pessoas.
Multiculturalidade: Termo que se refere à existência de muitas culturas numa localidade, ou país, havendo pelo menos uma que se afirma como preponderante.
Interculturalidade: Processo que pretende promover a interação entre os vários grupos presentes na sociedade, contribuindo para a construção da coesão social.
Escravatura: Prática social em que um ser humano considera ter direitos de propriedade sobre outro – o escravo -, impondo-lhe essa condição pela força.
O Império Português (Página 45)
O Império Português era constituído por lugares e povos muito diversificados, mas era um império essencialmente marítimo e comercial. Eis os motivos:
- Portugal era um país pequeno, com pouca população.
- Portugal tem poucos meios financeiros para assegurar a posse de um império tão grande, tão disperso e distante.
- A fixação de colonos portugueses limitava-se às faixas costeiras, pois o principal objetivo era fazer o comércio.
A crise do Império Português do Oriente
Em meados do século XVI, Portugal e o seu império no Oriente entraram em crise. Esta crise deveu-se principalmente aos seguintes fatores:
- Holandeses, Franceses e Ingleses: começaram a pôr em causa a política do mare clausum, definida pelo Tratado de Tordesilhas; defendiam o mare liberum e, por isso, apoiavam os ataques de piratas e corsários às embarcações e aos territórios portugueses.
- Outros problemas:
- Naufrágios eram frequentes bem como ataques inimigos.
- Falta de preparação dos pilotos.
- Mau estado de conservação da frota.
- Muçulmanos recuperaram as rotas do Levante. Rota do Cabo entrou em crise e os Portugueses perderam o monopólio do comércio das especiarias orientais.
- Fracos recursos financeiros de que os reis dispunham devido a:
- Ociosidade;
- Luxo;
- Corrupção dos altos funcionários coloniais.
Na sequência destas dificuldades, Portugal abandonou algumas terras conquistas (praças militares e feitorias), sobretudo no reinado de D. João III (1521-1557).
A crise do Império Português do Oriente (Página 47)
A crise de sucessão em Portugal
O rei D. Sebastião (1554-1578) organizou uma expedição militar ao Norte de África, movido por dois grandes motivos.
- Espírito de cruzada: o jovem rei esperava conquistar novas terras aos mouros e continuar a difusão da fé cristã.
- “Viragem atlântica”, a aposta no desenvolvimento económico dos territórios coloniais atlânticos, para fazer face à crise do Império Português do Oriente.
O rei foi derrotado na batalha de Alcácer Quibir, tendo desaparecido nos combates. Temos uma crise dinástica:
- Sebastião não tinha descendentes diretos.
- Cardeal D. Henrique, tio-avô, sucede no trono. Mas como era um homem do clero, já idoso e doente, faleceu dois anos depois (1580).
Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal
Surgiram alguns candidatos ao trono:
- António, Prior do Crato: apoiado pelas classes populares.
- Catarina, Duquesa de Bragança: apoiado por parte da nobreza e do clero.
- Filipe II, rei de Espanha: apoiado pela nobreza e burguesia portuguesas.
Filipe II, candidato mais poderoso, invadiu Portugal. Em 1581, fez-se aclamar rei de Portugal nas Cortes de Tomar com o título de Filipe I de Portugal.
Consumava-se, assim, a União Dinástica ou União Ibérica (1581-1640):
- Portugal e Espanha mantinham-se autónomos, unidos apenas pelo governo do mesmo rei (“monarquia dualista”).
Nas Cortes de Tomar, Filipe I prometeu:
- Respeitar os costumes, leis e liberdades dos Portugueses.
- Conservar a sua moeda.
- O Português mantém-se como língua oficial.
No seu reinado, Filipe I cumpriu o estabelecido, tendo o Império Espanhol atingido o seu máximo desenvolvimento.
O domínio filipino (Página 49)
Nos reinados de Filipe III e IV (II e III de Portugal), a Espanha foi afetada pela crise. O descontentamento da população portuguesa foi aumentando por várias razões:
- Incumprimento das promessas feitas nas Corte de Tomar, em 1581.
- Filipe IV alheou-se da vida política e entregou o governo do Império Espanhol ao conde-duque de Olivares, que o exerceu de forma autoritária.
- A Espanha envolveu-se em várias guerras europeias (Guerra dos 30 anos, com a França, entre 1618-1648), custeadas com novos impostos cobrados aos Portugueses e com recrutamento de militares portugueses.
- Territórios coloniais e as embarcações portuguesas eram alvo de ataques da Holanda, Inglaterra e França, países inimigos de Espanha.
A Restauração da Independência
Em Portugal, surgiram motins e revoltas populares contra o domínio filipino:
- “Revolta do Manuelinho”: Évora, 1637.
Declínio do Império Espanhol teve reflexos negativos para o povo e contribuiu para o enfraquecimento da burguesia, mas também da nobreza, que perdia cargos administrativos.
Assim, no dia 1 de dezembro de 1640:
- Nobres portugueses revoltaram-se em Lisboa e aclamaram D. João, duque de Bragança, com o título de D. João IV.
A Restauração da Independência de Portugal marcou o fim de 60 anos de União Ibérica e o início da dinastia de Bragança. Contudo, as guerras continuaram até 1668, altura em que a Espanha reconheceu a independência de Portugal.