Módulo 1 – Raízes Mediterrânicas da Civilização Europeia – Cidade, Cidadania e Império na Antiguidade Clássica

Posted: May 18, 2014 in Uncategorized

10º Ano (Volume 1 do manual escolar)

Módulo 1

  1. O modelo Ateniense

1.1 A democracia antiga.

1.1.1 Um mundo de cidades-estado.

– Situar a Grécia Antiga no espaço. (3 zonas: Grécia Continental, Grécia Asiática, Grécia Insular; Território montanhoso – 80%; Povos indo-europeus vieram para a zona, formando os Gregos ou Helenos)

– A Pólis ou cidade-estado. (Definir cidade-estado: minúsculas comunidades independentes em torno de um núcleo urbano; Atenas composta por: Acrópole (zona dos deuses), Ágora (zona de negócios/mercado e discussão da vida política; cheia de pórticos ou stoas, que abrigam do sol escaldante; construções destinadas ao funcionamento dos órgãos do governo da cidade), Zona residencial; Zona rural, Porto; NOTA: as casas eram simples, pois para os Gregos o mais importante era conviver, filosofar, exercitar.

1.1.2 A Democracia ateniense.

– Para além do seu poderio económico e militar, Atenas era um brilhante centro cultural e político.

– Longo caminho até à Democracia (levou 2 séculos):

isonomia (igualdade perante a lei – as leis eram iguais e valiam para todos, sem exceção); isocracia (igualdade de aceso aos cargos políticos – todo o cidadão tinha o direito e o dever de participar no governo da pólis, sendo que cada cidadão é um voto – “governo dos pobres”, como afirmaram Platão e Aristóteles, pois são eles os mais numerosos); isegoria (igual direito de todos ao uso da palavra – todos podiam defender livremente as suas opiniões);

Clístenes (fundador da Democracia) estabeleceu uma nova divisão administrativa do território, o que fraccionou em 10 tribos, subdividades em 10 demos (100 ao todo). Destas circunscrições eram sorteados, todos os anos, os cidadãos que deviam prestar serviço nos diferentes órgãos políticos da cidade. Daí a expressão “Democracia”, ou seja, o poder do demos, ou, poder do povo.

Péricles (político ateniense – século V a.C. – auge de Atenas): criação das mistoforias (espécie de pagamento feito pelo Estado aos que exerciam funções públicas – cidadãos mais pobres podem participar no governo da cidade);

Democracia direta: Cada cidadão atuava por si próprio desempenhando, à vez, os cargos necessários ao bom andamento dos assuntos da cidade. Não havia partidos políticos, um corpo profissional de juízes ou de altos funcionários do Estado. É um exercício de cidadania.

– Sistema de eleição por sorteio: não interessa fazer notar apenas os mais cultos da cidade, mas sim assegurar a participação de todos.

– O exercício dos poderes.

(1) Eclésia ou Assembleia Popular: reúne-se 4 vezes por mês; discute e vota leis (poder legislativo); decide da paz e da guerra;

(2) Bulé ou Conselho dos 500: participa com a Eclésia o poder legislativo, uma vez que elabora as propostas de lei; no intervalo das sessões da Eclésia, resolve assuntos correntes, cabendo-lhe o poder de decisão; são 50 por tribo, 10X50=500 e ninguém pode ser membro da Bulé mais que duas vezes na vida.

(3) Arcontes: tirados à sorte, um por tribo; magistrados que, com o tempo, viram os seus poderdes reduzidos, limitando-se sobretudo ao desempenho de funções religiosas e judiciais; organizam as grandes cerimónias fúnebres e religiosas e a presidência dos tribunais; daqui são os membros para o Areópago, o que conferia ao arcontado muito do seu prestígio.

(4) Estrategos: únicos magistrados eleitos com base na sua competência; comandavam a marinha e o exército; Destaque para Péricles como comandante.

(5) Dois tribunais:

Areópago: tribunal formado por antigos arcontes; exercem o cargo de forma vitalícia, ou seja, para a vida toda; Julgam crimes de homicídio e de desrespeito pelos deuses da cidade.

Helieu ou Tribunal Popular: constituído por 6000 juízes sorteados anualmente, à razão de 600 por tribo; julgam a maior parte dos delitos; funciona por secções, julgando e dando sentenças de absolvição ou condenação.

Oratória era uma das capacidades mais úteis e apreciadas, dada a democracia direta e a ampla comunidade que dela fazia parte. Era o dom da palavra que permitia convencer e brilhar em política; foram fundadas escolas de retóricas neste período.

Evitar os abusos de poder e a corrupção era uma preocupação constante, que explica em parte, a grande rotatividade dos mandatos políticos.

Ostracismo: havia o medo de uma só pessoa ficar com o poder. Por isso, todos os anos, os membros da Eclésia escreviam, numa pequena placa, o nome do cidadão que tinha excessiva proeminência na cidade. Se reunissem 6000 votos, tinha de sair da cidade por um período de 10 anos, retomando, após esse tempo, a vida onde tinha continuado, sem nada perder (bens e direitos).

1.1.3 Os limites da democracia antiga.

A reduzida proporção do corpo cívico: dos 400.000 habitantes no século V, apenas 40.000 eram cidadãos. Com mulheres e filhos, seriam cerca de 120.000, mas as mulheres são apenas mulheres, não cidadãs (não podem participar na vida política).

Metecos, mulheres e escravos sem direitos políticos.

– Metecos: tratam dos negócios da cidade, comércio e artesanato; não possuem direitos políticos; participam no exército; não têm direito a ter terras.

– Escravos: sem direitos, quase como que mercadoria. São a maior parte da população.

– Mulheres: cuidam dos trabalhos domésticos e da educação das crianças. “a sua maior virtude era passarem despercebidas, fazer com que os homens falassem delas o menos possível, para o bem ou para o mal” (Péricles).

1.2 Uma cultura aberta à cidade

– No mundo fragmentado dos Gregos, é a cultura que assegura a unidade (elementos que unem os Gregos) entre todas as cidades-estado gregas: (1) a mesma língua; (2) os mesmos deuses; (3) os mesmos santuários (Delfos, por exemplo); (4) os mesmos costumes. A mesma forma de vida une o que a política separa.

1.2.1 A educação para o exercício público do poder:

– Educação até aos 7 anos: crianças educadas no gineceu;

– Educação após os 7 anos: rapazes aprendem os ofícios para a vida. Raparigas são ensinadas tarefas domésticas e outras similares. Rapazes vão à escola e preparam-se para ser cidadãos.

– Estado não intervém na educação dos jovens, deixa essa tarefa aos pais. Recomenda, no entanto, que a criança saiba: nadar, ler, escrever e exercícios físicos.

– Disciplinas: Leitura, escrita e aritmética. Recitam poemas de Homero e Hesíodo para aprender a história dos heróis e servirem de exemplo aos mais novos e depois para apreciarem as coisas belas. Temos também poesia e música.

– Muita preparação física: “Mente sã em corpo são”, objetivo é preparar o jovem a cumprir adequadamente o serviço militar (dos 18 aos 20 anos). Aos 15 anos vão para ginásios (gymnos – nu) e palestras (palé – luta). Nos ginásios aprendem também Matemática e Filosofia. Platão fundou a Academia, em honra do herói Academo.

– Aos 18 anos: serviço militar.

– Pós serviço militar: exercício da vida cívica.

– Para aprofundar conhecimentos, os sofistas, professores itinerantes, davam aulas, andando de cidade em cidade e entusiasmando os mais novos com os conhecimentos.

1.2.2 As grandes manifestações cívico-religiosas.

– Os gregos não negligenciavam nunca a obrigação de venerar os deuses.

– Tipos de culto:

– Culto Cívico: embora se adorassem as mesmas divindades, cada cidade tinha os seus cultos privados, venerando, em especial, os deuses protetores da cidade; cidadãs realizam cultos e velam pela manutenção dos templos e tarefas do quotidiano religioso.

Culto Pan-Helénico: surge em diferentes locais da Grécia e normalmente é uma cidade que convida outros para uma cerimónia religiosa, o que implicava avultados custos.

Culto Privado: culto realizado sobretudo em casa.

– As representações dramáticas:

– Festas em honras de Dionísio (Primavera).

– Tipos de teatro: tragédia e comédia.

– Principais autores: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes – Tragédia; Aristófanes – comédia.

– Jogos:

– A crença nos mesmos deuses originou pontos de referência religiosa, lugares sagrados, onde convergiam peregrinos de toda a Hélade. Embora existissem numerosos santuários, os mais famosos eram Delfos, Olímpia, Nemeia e Corinto, em todas se realizavam, periodicamente, competições artístico-desportivas de caráter religioso que atraíam multidões: os jogos.

– São uma forma de devoção tipicamente grega. Jogos Ístmicos (Corinto); Jogos Nemeus (cidade de Nemeia – em honra de Hércules e Zeus); Jogos Píticos (Delfos – santuário de Apolo); Jogos Olímpicos (Olímpia, os mais famosos da época).

– Jogos Olímpicos – 776 a.C.; período de tréguas, ou seja, sem guerras; para além das cerimónias religiosas, temos também provas desportivas; prémio era uma coroa de glória, já que as vitórias eram perpetuadas na pintura, poesia, escultura, elevando-os à categoria de heróis e usufruindo de honras e glórias no regresso à cidade.

 

1.2.3 A arquitetura e a escultura expressão do culto público e da procura da harmonia.

Arquitetura

– A arquitetura grega é essencialmente uma arquitetura religiosa. Embora construíssem casas, edifícios públicos ou muralhas, os Gregos reservavam para os templos os projetos mais minuciosos e os materiais mais ricos, geralmente o mármore. Apesar de estarem em ruínas, ainda se vê  proporção, a harmonia dos mesmos.

– Três ordens: ordem dórica, ordem jónica e ordem coríntia.

– Estes edifícios eram concebidos para serem vistos do exterior, sobressaindo as colunas.

– Planta era normalmente retângular, simples.

– O facto de partirem de regras e proporções predeterminadas, deu aos arquitetos a possibilidade de se concentrarem nos pormenores.

Escultura

– Pensavam os Gregos que os deuses eram semelhantes ao Homem. Embora imortais e dotados de poderes extraordinários, partilhavam com os humanos o raciocínio, os sentimentos e a aparência física.

– Esta procura da beleza física ideal estava bem de acordo com o espírito grego, que sempre valorizou o corpo humano e sempre buscou a perfeição.

– As esculturas aparentam uma expressão serena e contemplativa. Por isso dizemos que a escultura grega é idealista.

– Idealismo escultórico conduziu os artistas à procura da fórmula exata da beleza. Encontraram-na, à semelhança do que aconteceu na arquitetura, no rigor das proporções.

Pintura grega utilizava cores vivas, sendo que a cerâmica era sobretudo preto, vermelho e branco. Os temas eram comuns ao quotidiano, deuses e tarefas.

 

O modelo romano

2.1 Roma, cidade ordenadora de um império urbano.

2.1.1 A cidade que se fez Império.

Lenda da fundação de Roma: Roma foi fundada no ano de 753 a.C., por Rómulo, um dos gémeos que a sacerdotisa Reia Sílvia concebera de Marte, deus da guerra. Rómulo terá morto Remo, seu irmão, e assumiu o trono de Roma, tornando-se o seu primeiro rei. Também se refere que uma loba terá amamentado ambos pois estes foram abandonados inicialmente e a loba resgatou-os.

Geografia: situa-se na fértil planície do Lácio, junto ao rio Tibre. Mar Mediterrâneo, Península Itálica.

Política:

1) Reis Etruscos (753 a 509 a.C.): chegam à cidade e engrandecem-na.

2) República (509 a.C.-27 a.C.): aristocratas expulsam o último rei Etrusco e instituem uma República. Vão dominar o mar mediterrâneo, chegando a afirmar “Mare Nostrum”, ou seja, o mar é nosso. Período com Senadores. Parlamento é parecido com o Senado.

3) Império (27 a.C. – 453 a.C.): fase dos Imperadores e dos chefes e líderes com concentração de poderes, retirados aos Senadores para uma só figura.

Um mundo de cidades:

– A cultura romana estava intimamente ligada à cidade, entendida (como na Grécia) como não só um simples conjunto de edifícios mas como uma associação destinada a satisfazer hábitos, necessidades e interesses comuns aos que nela habitavam.

– Cidades são células ideais de administração, já que nela se concentravam as instituições governativas.

– Cidades conquistas e criadas tinham uma relativa autonomia, capazes de resolver localmente os seus problemas. E era sobre este espaço urbanizado que Roma estendia o seu domínio, impondo-se como modelo a seguir. Roma era a urbe, o centro de poder, o coração do Império.

Instituições políticas:

– Instituições são consideradas o garante dos seus direitos e das suas liberdades.

Senado

– Assembleia de caráter permanente, com enorme influência social e política.

– Periodicamente, censores elaboram a lista dos notáveis que tinham o privilégio de integrar o Senado.

– Funções: validar leis, cunhagem de moeda, controlar o tesouro e o desempenho dos magistrados. Pode ainda administrar as províncias, desencadear paz ou guerra, celebrar tratados e alianças, expulsar qualquer cidadão que seja considerado inimigo público.

– Comícios, assembleias de caráter popular.

– Representavam o povo de Roma e, com o Senado, constituíam a base da autoridade do Estado.

– Funções: eleição dos magistrados e votação das leis propostas pelos magistrados.

– Magistrados

– Eleitos por 1 anos.

– Funções: variada, desde um comando militar ao abastecimento da cidade.

– Têm uma carreira política, a cursos honorum, ou seja, começam desde cargos simples até chegarem à dignidade mais elevada, a de cônsul.

– Podem nomear um ditador caso seja necessário por um período de 6 meses.

– Culto ao Imperador

– Surge a partir de 27 a.C.

– Figura do Imperador sobrepõem-se a tudo o resto. Surge devido a problemas em controlar todo o Império Romano, entre outros aspetos. Criou-se a imagem de um Imperador ligado aos deuses.

– Retira imensos poderes à ordem senatorial. A figura passa a ter e herdar poderes como: divus (divino), chegando mesmo a ter pessoas a organizar o seu culto.

– Codificação do Direito

– Conjunto de normas jurídicas que regem a vida de um povo.

– Foi a necessidade que conduziu os Romanos ao desenvolvimento do Direito. A administração do seu vasto império e a convivência pacífica das suas gentes não seira possível sem um conjunto de leis abrangente e organizado, que definisse as normas a seguir nos grandes e pequenos problemas da vida quotidiano.

– Direito espelha o espírito prático e metódico deste povo.

Inicialmente: Direito Consuetudinário, ou seja, baseado no costume, as leis não eram escritos. Posteriormente (século V a.C.) exige-se leis escritas. Temos, então, a Lei das XII Tábuas, ponto de partida do Direito Romano e do Direito Ocidental; Temos também – Obra dos Juriconsultos: homens sábios, conhecedores da lei, que os juízes e particulares usavam para conhecer melhor uma lei. Os jurisconsultos davam responsa às mais variadas questões; Temos também decretos emanados por Imperadores também ajudavam nas Leis. A Lei não é uma obra completa, vai-se aperfeiçoando constantemente.

 

– Estenderam progressivamente a condição superior de cidadania aos povos dominados. Exemplo: Caracala (212 d.C.) – concede plena cidadania romana a todos os habitantes livres do Império.

 

2.2 A afirmação imperial de uma cultura urbana pragmática

2.2.1 A cultura romana: pragmatismo e influência helénica.

– Na sua história, os Romanos eram um povo de lavradores, repartindo as suas atividades entre o trabalho da terra e a necessidade de se defenderem dos inimigos que, de perto, a cobiçavam. Desta vida ficou-lhes sempre um sentido prático, realista, virado para o concreto. As conquistas não fizeram mais do que reforçar este pragmatismo que marca todas as realizações romanas. Assim, ao contrário dos Gregos, para quem todas as coisas tinham de ser belas, os Romanos sentiam que todas as coisas tinham de ser úteis.

– Cultura romana é o romano de influência várias, sendo a mais marcante a influência grega. Diz o poeta Horácio que “a Grécia conquistada conquistou o seu feroz vencedor” – cultura greco-latina.

2.2.2 A padronização do urbanismo.

Organização:

– Cidade romana organizava-se em torno de um fórum: forma retangular, centro da vida pública; composta por edifícios religiosos e administrativos, dos quais se destaca a cúria e a basílica. A Cúria onde se reúne o Senado e a Basília que serve, simultaneamente, de tribunal público e de reuniões.

– Cidade romana organizada também com templos em redor do fórum.

– Gosto pela monumentalidade.

Outros edifícios/Estruturas: Bibliotecas. – Mercados públicos. – Termas. – Aquedutos. – Anfiteatro. – Circo: corridas de cavalos, … – Teatros…

Casas de habitação

Domus: casa particular, onde moram os cidadãos mais ricos. Piscina, comodidades, luxos.

Insula: prédio de aluguer, com várias habitações. Construção frágil.

2.2.3 A fixação de modelos artísticos.

Arquitetura

– Construções religiosas seguem a influência helénica.

– Adoção das três ordens, sobretudo a coríntia. Criam a ordem compósita: mistura das três.

– Diferentes técnicas e materiais utilizadas consoante a necessidade.

– Arquitetura romana tem um caráter essencialmente urbano e utilitário: fóruns, teatros, anfiteatros, bibliotecas, termas, aquedutos. Tudo serve para engrandecer o Império.

Escultura

– Obras de notável realismo: retratos frequentemente ultrapassam a representação física da personagem para nos darem ideia do seu caráter.

– Retrato é a afirmação do indivíduo.

O Relevo

– Usam-no profusamente como elemento decorativo mas souberam dar-lhe outra função: a de narrar os grandes feitos do povo romano e exaltar as virtudes dos seus chefes.

 

2.2.4 A apologia do império na época e na historiografia.

– Até a poesia faz eco da glória de Roma e da grandeza do príncipe, atiando como um poderoso meio de propaganda imperial.

– Poesia épica: Eneida é uma das melhores obras.

– Tito Lívio foi um dos maiores historiadores.

2.2.5 A formação de uma rede escolar urbana uniformizada.

– Ensino:

– Comum. Aos 7 anos rapazes e raparigas iam ao litterator que lhes ensinava as primeiras letras. Os mais abastados estudam em casa pois podem contratar.

– Escola primária: em lugares simples e modestos, mas com uma aprendizagem mais rígida.

– Currículo: muito parecido com o Grego. Para além da aprendizagem propriamente dita, o ensino obedecia a determinados fins educativos. Cícero enumerou-os: domínio de si, obediência a toda a autoridade e a benevolência para com o próximo.

– Secundário: mais dispendioso e, por isso, só o seguem os mais ricos.

– Ensino superior (17 anos): ministrado pelo rethor (mestre da retórica). Apenas uma minoria chega a este nível. Com isto chega-se aos postos mais elevados da sociedade romana.

2.3 A integração de uma região periférica no universo imperial: a romanização da Península Ibérica.

2.3.1 A conquista.

Romanização: o mesmo urbanismo, as mesmas instituições, a mesma estrutura social uniam as províncias mais longínquas. Em todas elas se falava o latim, se honravam os deuses romanos e se aplicavam as normas do Direito. A esta integração plena das províncias no espaço civilizacional romano chamamos romanização.

– Processo lento mas seguro.

2.3.2 Os veículos da romanização.

– Densa rede de cidades.

– Os romanos tinham consciência de que residia na cidade, o cerne da sua cultura e do seu modo de viver. Consideravam-na, além disso, o núcleo ideal de administração das regiões provinciais. Por estas razões, a política de romanização centrou-se no desenvolvimento da vida urbana.

– Algumas das cidades eram colónias, isto é, cidades criadas de novo e povoadas por verdadeiros romanos. Quer fossem de origem militar, quer povoadas por emigrantes da Península Itálica em busca de uma vida melhor, as colónias tornaram-se um importante núcleo de desenvolvimento e de romanização, tendo contribuído para a aculturação dos povos locais.

– Abaixo das colónias, ficam os municípios, cidades pré-existentes. Era-lhes concedido o Direito Latino e, a título excepcional, o Direito Romano, equiparando-se, neste caso, aos habitantes das colónias. Apesar disto, os municípios gozavam de grande autonomia administrativa, isto é, possuíam instituições de governo próprias, semelhantes à de Roma (Conselho de notáveis, Cúria = Senado, magistrados = “carreira de honras).

– As cidades estipendiárias estavam obrigadas ao pagamento de um pesado imposto, denominado stipendium.

– Em 212 d.C., Caracala transforma, em cidadãos, todos os homens livres do Império.

– Exército e Imigração.

– Legionários contactavam de perto com os habitantes locais e alguns estabeleceram-se definitivamente na Hispânia.

– Os legionários eram portadores da cultura romana, além de iniciarem um processo de miscigenação com as populações nativas. Exemplo disto é a participação de hispânicos no exército que, quando terminaram a carreira, divulgam a cultura romana.

– Ação das autoridades provinciais.

– Sob o domínio romano desenharam-se quadros administrativos eficazes que persistiram durante séculos, resistindo mesmo à queda do Império.

– Embora tivessem usado a força para impor a cultura romana em alguns locais, de um modo geral as autoridades romanas mostraram uma atitude de tolerância e respeito pelos nativos, gerando um clima de paz e segurança. Para acelerar este processo, as autoridades romanas não só fundaram escolas como souberam atrair os filhos dos chefes indígenas que fizeram educar à maneira romana. Assim se criaram as elites locais.

– Língua, religião e Direito.

– O latim, inicialmente limitado aos atos e documentos oficiais, rapidamente se difundiu, facilitando a comunicação entre conquistadores e conquistados.

– A religião, porque estendeu os deuses romanos oficiais às regiões mais longínquas. Soube impor aos seus cultos sem proibir os alheios.

– No direito, o respeito pela lei era imposto a todos e todos o aceitavam, vendo nele a garantia de ordem. Além disto, o direito expressa a forma de pensar dos Romanos.

– Desenvolvimento económico e rede viária.

– Os romanos desenvolveram extraordinariamente as regiões ocupadas. Aproveitaram os solos, praticando uma agricultura intensiva, virada para a exportação.

– Manteve-se uma criação pecuária abundante.

– Indústrias várias: extração mineira, olarias, tecelagens, indústrias conserveiras.

– Isto tudo fez crescer feiras, mercados. A moeda circula abundantemente.

– Excelente rede de estradas, com que os Romanos recobriram todas as regiões do Império. Embora construída com propósitos administrativos e militares, a rede viária foi essencial ao desenvolvimento do comércio. É o primeiro mercado comum europeu. É uma economia urbana, comercial e monetária e esclavagista.

 

  1. O espaço civilizacional greco-latina à beira da mudança

3.1 O Império universal romano-cristão

3.1.1 O Cristianismo.

– A mensagem cristã irá difundir-se rapidamente. É universal e revolucionária, contraria as profundas desigualdades sociais, prega a igualdade entre todos os seres humanos.

– Os cristãos irão ser alvos de sucessivas e sangrentas perseguições.

3.1.2 O Império romano-cristão.

– Em 313 d. C. – Imperador Constantino publica o Édito de Milão, que garante inteira liberdade de culto aos seguidores de Cristo.

– Em 325 d.C. – Conselho de Niceia, reunião onde se decide as verdades doutrinais do Cristianismo.

– Em 380 d. C. – Imperador Teodósio publica o Édito de Tessalónica, o cristianismo torna-se a religião oficial do Estado Romano.

– O monoteísmo adapta-se perfeitamente à instituição imperial: um só deus, um só imperador, concentra em si toda a autoridade.

3.1.3 A igreja e a transmissão do legado político-cultural clássico.

– Nascido no seio da civilização romana, o cristianismo assimilou muito da sua cultura que, adaptada e reformulada, transmitiu às gerações vindouras.

– Quando o imperador se converteu e ser cristão se tornou, cada vez mais, vantajoso, as elites romanas aderiram, em massa, à nova religião, ao serviço da qual puseram os seus conhecimentos, que não eram outros senão os da cultura greco-latina.

Os novos suportes são: A Retórica (palavra de Deus, nas suas pregações); Filosofia antiga (fundamentar a nova fé); Direito Romano (regula, no interior da Igreja, as questões administrativas e disciplinares); Liturgia (enriquecida pela incorporação de aspetos do cerimonial imperial); Arquitetura religiosa (construções romanas); frescos, mosaicos, estátuas e relevos cristãos.

3.2 Prenúncios de uma nova geografia política

3.2.1 O Império em crise.

– No século III, o Império mergulhou numa profunda crise político-militar.

– Crise interna. Eram os exércitos que dominavam. “Anarquia Militar”.

– Perigos bárbaros. Estes pressionam as fronteiras romanas, o mundo romano viu-se invadido em vários pontos. No entanto, superaram as dificuldades e detiveram os bárbaros.

– Novo sistema político – Tetrarquia: poder será dividido em 4 Imperadores, com 4 zonas (divisão do Império Romano em 4).

– Século IV: fim do Império Romano do Ocidente devido às invasões bárbaras.

3.2.2 Os bárbaros no Império.

– Atraídos pelas riquezas da civilização romana.

– Usados para funções domésticas, atividades económicas e como mercenários no exército romano.

3.2.3 O fim do Mundo Antigo.

– Depois da queda de Roma, uma multiplicidade de novos reinos substitui a antiga unidade imperial.

– A Europa irá viver um longo tempo de instabilidade e violência.

– Caos político favoreceu a anarquia e a injustiça.

– A insegurança de um longo período de guerras desestruturou a vida económica: campos ao abandono, indústrias definharam, comércio paralisou, fomes e epidemias, população diminuiu de forma acentuada.

– Cidades são alvo de pilhagens e violência.

– Igreja passa a assumir papel de relevo.

 

Surge a Idade Média (476 d.C. – 1453 d. C.)

Leave a comment