7.1 Da “Revolução Agrícola” à “Revolução Industrial”
A modernização agrícola na Inglaterra e na Holanda
Na Inglaterra e na Holanda, ao longo dos séculos XVII e XVIII, verificou-se um grande desenvolvimento da economia, mas também das ciências e das técnicas. Foram tantas as mudanças na economia e na sociedade que alguns historiadores chamam a este processo Revolução Agrícola:
- Revolução agrícola: Conjunto de transformações, na agricultura europeia nos séculos XVII e XVIII, que alterou as técnicas de cultivo e o regime de propriedade, aumentando a produtividade.
Eis as caraterísticas:
- A nobreza rural foi autorizada a alargar as suas propriedades, anexando terras comunais (baldios) ou adquirindo terras a pequenos proprietários falidos.
- Movimento das enclosures: as grandes propriedades eram vedadas e os seus proprietários exploravam-nas para a agricultura ou criação de gado.
- Inovações na agricultura:
- Rotação quadrienal das culturas, que permitiu acabar com o pousio.
- Drenagem dos pântanos e a melhoria dos solos, misturando marga, argila e cal nos terrenos arenosos.
- Introdução de novas culturas como a batata, a beterraba e o milho maís (milho americano).
- Seleção de sementes e de animais reprodutores para produção de carne e lã.
O aumento demográfico em Inglaterra
Estas inovações fizeram-se sentir sobretudo na Inglaterra, país onde se verificou um grande aumento da produtividade agrícola. Assim, vamos assistir a um aumento demográfico (crescimento natural):
- A alimentação das populações tornou-se mais abundante e variada.
- Progressos na higiene na medicina.
Contudo, este aumento da população e mecanização da agricultura trouxe novos problemas:
- Excesso de mão de obra: êxodo rural.
- Crescimento urbano, nem sempre ordenado.
A prioridade inglesa (Página 135)
A Revolução Agrícola forneceu capitais, mão de obra e matérias-primas que favoreceram o arranque da Revolução Industrial:
- Revolução Industrial: conjunto de transformações técnicas e económicas que tiveram início em Inglaterra e se espalharam gradualmente a vários países da Europa e à América do Norte.
Condições políticas, sociais e económicas
A prioridade inglesa apresenta vários aspetos:
- Triunfo das ideias liberais: revolução inglesa de 1688.
- Nobreza dinâmica e empreendedora. Investiu os lucros obtidos com o comércio colonial e com a agricultura na criação de indústrias.
- Capitais investidos na indústria e nos novos mercados, para escoar os produtos, bem como matérias-primas (algodão, por exemplo).
- Mecanização da agricultura.
- Mão de obra disponível para a indústria.
- Sistema financeiro forte: moeda estável, bancos, etc.
Condições naturais
A Inglaterra reunia um conjunto de condições naturais que contribuíram para que fosse o primeiro país a industrializar-se:
- Tinha muitas matérias-primas e recursos naturais como ferro e hulha (carvão mineral).
- Tinham uma vasta rede de comunicações naturais:
- Excelentes portos naturais.
- Rios e canais navegáveis, aos quais, mais tarde, acrescentaram linhas de caminho de ferro e estradas.
A “Idade do vapor” (Página 137)
A máquina a vapor, patenteada por James Watt, em 1769, marca o arranque da primeira fase da industrialização:
- Produção artificial de energia.
- Foi aplicada em dois setores: na indústria e nos transportes.
Na indústria:
- Setor têxtil:
- Teares mecânicos, por exemplo.
- Setor metalúrgico (sobretudo a partir de 1830):
- Produção de máquinas, locomotivas e carris.
As alterações no regime de produção
Todos estes progressos técnicos provaram muitas alterações no regime de produção. A manufatura (trabalho manual) foi substituída pela maquinofatura:
- Artesanato foi sendo gradualmente substituído pela indústria.
- As oficinas foram substituídas pelas fábricas.
- Artesão especializado deu lugar ao operário, trabalhador que não precisava de quaisquer qualificações.
- Desvalorização do trabalho, o qual se tornou repetitivo e mecanizado.
- Mulheres e crianças passaram a ser utilizadas como mão de obra mais barata.
As condições de trabalho e de vida degradaram-se muito nas cidades. Deu origem às revoltas luditas:
- Revoltas luditas: termo deriva Ned Ludd, um dos líderes destes movimentos, que se opõem à industrialização intensa ou a novas tecnologias, por estas desvalorizarem o trabalho humano.