C3 – Cristãos e muçulmanos na Península Ibérica

Posted: May 4, 2014 in Uncategorized
– Origens e princípios doutrinários da religião islâmica.
 
A Arábia:
  • Extensa península entre o mar Vermelho e o golfo Pérsico.
  • Clima desértico: apenas permite cultivar em certas zonas da costa e nos oásis no interior.
  • Habitantes organizados em tribos (independentes, com crenças politeístas).
  • Maioria da população era nómada e dedica-se ao pastoreio.
  • Comércio concentrava-se em duas cidades:
    • Meca.
    • Medina.

Maomé era um dos comerciantes da cidade de Meca. Nas suas viagens conheceu duas religiões monoteístas:

  • Judaísmo.
  • Cristianismo.

Num dado momento, Maomé sentiu-se chamado por Deus e dedicou-se a anunciar uma nova religião: o islamismo (ou Islão): «submissão à vontade de Deus». Em árabe, o Deus único é chamado Alá. Ao crente em Alá chama-se muçulmano, quer seja árabe por nascimento e por língua ou não.

Maomé foi expulso de Meca em 622 devido ao que pregava. Com um exército, reconquista-a e expande o islão por toda a Arábia.

622 marca o início do calendário islâmico.

Os princípios do islão

O muçulmano deve cumprir 5 obrigações fundamentais:

  1. Recitar a profissão de fé segundo a qual «não há outro Deus senão Alá e Maomé é o seu profeta».
  2. Orar 5 vezes ao dia.
  3. Fazer a peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida.
  4. Jejuar durante o mês do Ramadão, do nascer ao pôr do Sol.
  5. Dar esmola para sustento dos pobres.

Após a morte de Maomé, em 632:

  • Movimento expansionista: Guerra Santa (defesa espiritual e armada do Islão)
    • Capital Damasco (até 750).
    • Autoridade Máxima:
      • Califa (poder político e religioso).
      • Assistido por vizires (conselheiros).
      • Assistido por valis (governavam as províncias).
      • Assistido por ulemas (interpretavam a lei do Alcorão).
      • Assistido por Cádis (juízes).

A economia urbana no espaço islâmico

O mundo muçulmano estava em contacto com uma grande diversidade de povos e culturas:

  • Egipta.
  • Judaica.
  • Greco-Latina.
  • Persa.
  • Indiana.
  • Chinesa.

Os muçulmanos aproveitaram saberes e técnicas de todos estes povos. O mesmo acontecia com os produtos destas variadas regiões: rotas comerciais em terra e por mar.

Temos assim:

  • Rotas caravaneiras antigas: ouro, marfim e escravos, sedas da China, especiarias.
  • Rotas marítimas, incluindo as do Golfo Pérsico e do mar Mediterrâneo (língua árabe substitui latim e grego).
  • Cidades: centros de trocas de produtos e de saberes: Damasco, Bagdade e Cairo.
    • Alcácer (centro político e militar, fortificado).
    • Suq (mercado)
    • Mesquitas: locais de oração. Elevados minaretes, de onde os crentes eram chamados.
    • Banhos públicos.
    • Muitos elementos decorativos.
  • Desenvolvimento da agricultura: técnicas de regadio (noras e moinhos de água).
  • Várias culturas: arroz, laranja, açafrão ou cana-de-açúcar.
  • Inovações: produção de papel, pólvora, bússola, astrolábio.
  • Astronomia.
  • Matemática (numeração árabe e na invenção da álgebra).
  • Medicina.
  • Bibliotecas. Exemplo: As mil e uma noites.
 
A Península Ibérica: dois mundos em presença
A conquista muçulmana e a resistência cristã
 
No início do século VIII, o reino visigodo estava muito enfraquecido pelas lutas entre vários chefes que ambicionavam o título de rei.
Rodrigo estava em luta contra Vitiza. Vitiza, para derrotar Rodrigo, pediu a ajuda dos muçulmanos:
 
  • Muça e Tárique atravessaram o estreito de Gibraltar e derrotaram o rei Rodrigo na Batalha de Guadalete.
  • No entanto, os muçulmanos permaneceram no território visigodo, considerando-o conquistado (durou até 1492).

Uma parte da população cristã refugiou-se nas Astúrias. Chefiados por Pelágio, os cristãos venceram os Muçulmanos na Batalha de Covadonga.

 

A formação dos reinos cristãos no processo de Reconquista

Os reinos cristãos e a Reconquista

O Condado Portucalense

 

A vida na Al-Andaluz

Os muçulmanos que se deslocaram para a Península eram árabes e berberes. Chamavam à Península Ibérica de Al-Andaluz.

Os que permaneceram cristãos foram inicialmente tolerados a troco do pagamento de um imposto, tal como se fazia em relação aos judeus que habitavam na Península. A estes cristãos, sob domínio muçulmano, chamou-se moçárabes.

A partir de 756, Al-Andaluz, com capital em Córdova, organizou-se como um reino (emirado), tão rico e desenvolvido que se tornou independente do Império Árabe no ano 929 (período do Califado Omíada).

 

A formação dos reinos cristãos no processo de Reconquista

Os reinos cristãos e a Reconquista

Reinos de Taifas: no início do século XI, o poder islâmico na Península fragmentou-se em pequenos estados rivais.

Os cristãos aproveitaram-se para iniciar a Reconquista Cristã, a partir do Norte da Península.

A Batalha de Covadonga (711) foi a primeira vitória dos cristãos sobre os muçulmanos. Formaram-se vários reinos:

  1. Leão.
  2. Castela.
  3. Navarra.
  4. Aragão.

Perante o avanço cristão, os muçulmanos ibéricos pediram auxílio aos muçulmanos do Norte de África, de onde chegaram, em 1086, os guerreiros Almorávidas, adeptos de um islamismo intolerante. Dado que muitos deles eram originários da Mauritânia, os Cristãos chamaram-lhes mouros. A ferocidade com que combatiam permitiu-lhes fazer frente aos Cristãos e unificar o território muçulmano.

Em resposta, vieram da região além-Pirinéus cavaleiros nobres. Havia motivações de glória, procura de novos domínios e uma forte motivação religiosa – razão pela qual se chamavam cruzados, isto é, defensores da cruz, símbolo do cristianismo.

 

O Condado Portucalense

Um destes cruzados, D. Henrique, veio da região da Borgonha (atual França) ajudar o rei D. Afonso VI, sob o governo do qual se haviam unido os reinos de Leão e Castela.

Pelos Serviços prestados:

  • D. Raimundo recebe o Condado da Galiza.
    • D. Raimundo casa-se com D. Urraca.
  • D. Henrique recebe, em 1096, o Condado Portucalense (Senhor – D. Afonso VI, vassalo D. Henrique)
    • D. Henrique casa-se com D. Teresa.

 

Do Condado Portucalense ao Reino de Portugal

Falecido o conde D. Henrique, em 1112, e sendo D. Afonso menor, ficou a governar D. Teresa (próxima da nobreza da Galiza). D. Teresa teve uma relação amorosa com Fernão Peres de Trava (Galiza). Em caso de casamento, Condado da Galiza e Condado Portucalense iriam juntar-se.

Assim, D. Afonso Henriques, após ter-se armado a si mesmo cavaleiro, teve de lutar contra a mãe:

  • Batalha de São Mamede (1128) – Guimarães: vitória de D. Afonso Henriques.

Nas suas incursões pelo Sul:

  • Batalha de Ourique (1139): após esta vitória, D. Afonso passou a intitular-se rei de Portugal.
  • Conquista de Lisboa e Santarém (1147).
  • Conquista de Évora (1165).
  • Linhas de fronteiras normalmente definidas pela linha dos rios, delimitações naturais de fronteiras.

A Independência e a definição do território português

Quatro anos depois da Batalha de Ourique:

  • Tratado de Zamora (1143): D. Afonso VII reconhece D. Afonso Henriques como rei de Portugal.

D. Afonso Henriques recorre ao papa, chefe espiritual dos cristãos, para quebrar laços de vassalagem com D. Afonso VII. Assim, e somente em 1179:

  • Bula Manifestis Probatum (1179): Documento do papa Alexandre III que reconhece D. Afonso Henriques e seus descendentes como rei, ou seja, legitima-o como rei perante todos os reis europeus.

A Reconquista prosseguiu até à conquista definitiva do Algarve:

  • Tratado de Alcanises (1279): D. Dinis fixa as fronteiras com o rei de Espanha.

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